sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mancha de óleo tinge mar do Rio



Vazamento no Campo de Frade, na Bacia de Campos (RJ), terá impacto nos ecossistemas marinhos

18/11/2011 - 12:37

Terra da Gente, com info Globo Natureza/ G1/ JN

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Desde o último dia 10. Ou seja, há exatos oito longos dias, um vazamento de óleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos (RJ), põe em xeque a segurança da prospecção em águas profundas no Brasil. Apesar de o Ibama anunciar que vai autuar a companhia Chevron pelo estrago no litoral fluminense, uma coisa já se sabe: independente do tamanho da mancha de óleo, o impacto nos ecossistemas marinhos é certo.

Pelo menos é o que diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace. “Ocorre em período de médio a longo prazo, que não vai ser verificado nesta semana ou na próxima. As consequências se prolongam”, afirma. Para ele, o Brasil deveria se ater a uma maior intensificação nas medidas de segurança antes de iniciar efetivamente a exploração de petróleo das camadas do pré-sal (em uma profundidade entre 5 e 7 mil metros). “Com o aumento (na extração), vamos observar conflitos com áreas de preservação”, avalia.

Para Alexandre Macedo Fernandes, doutor em oceanografia física pela Universidade do Estado da Flórida e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), felizmente, as chances de ocorrer uma maré negra na costa do Rio de Janeiro, atingindo praias da região de Macaé, por exemplo, são remotas.

Ele afirma que a distância do local da mancha da costa (cerca de 120 quilômetros, segundo a companhia) facilita uma dispersão do óleo para mar aberto, em direção ao Sudoeste. O estudioso diz ainda que polos de pesca não serão afetados. Apesar da afirmação, reconhece: “Ainda é cedo para dizer alguma coisa, pois as informações divulgadas vêm de pessoas que estão com interesse na história. É cedo para ter uma posição definida”, afirma.

A posição do Ibama

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) afirmou, em nota oficial (assinada pelo presidente do instituto, Curt Trennepohl), que equipes foram mobilizadas para acompanhar as medidas adotadas pela Chevron, que deverá cumprir o Plano de Emergência Individual (PEI) apresentado no processo de licenciamento ambiental.

O instituto informou ainda que a empresa será autuada apenas quando o vazamento de óleo for estancado. Segundo o Ibama, o valor da multa será proporcional ao dano ambiental causado.

Desde que o vazamento de petróleo foi detectado, no último dia 10, a petroleira anunciou a suspensão temporária das atividades de perfuração no Campo de Frade, que fica a 370 quilômetros a Nordeste da costa do Rio.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegou a dizer que o vazamento de óleo provocado pela empresa Chevron “não tem a gravidade que se anuncia”. Ele ainda minimizou o impacto do acidente alegando que o óleo não está seguindo na direção de nenhuma praia (como se assim, os estragos não impactassem a vida marinha naquela região). “O vazamento não se deu na direção da praia e sim em sentido contrário, portanto não perturba ninguém”, disse.

Aumento da mancha

O Comando de Operações Navais da Marinha já informava ontem que a mancha de óleo no Campo de Frade aumentava. Ela se espalhou e ficou menos densa. A informação também foi confirmada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que estima para os próximos dias a conclusão do abandono definitivo do poço. Segundo a assessoria de imprensa da Marinha, a expansão teria ocorrido por efeito do vento e da maré, e teria sido detectada por sobrevoos e imagens de satélites.

As estimativas atuais da Chevron continuam situando o volume da mancha dentro da faixa aproximada de 64 a 104 metros cúbicos, ou 400-650 barris, sem informar se esta vazão ocorre a cada segundo, minuto ou hora. A área da mancha seria de pelo menos 163 km².

A Polícia Federal (PF) investiga se a petroleira perfurou além do que estava planejado na área de Frade. Com o apoio de um perito oceanógrafo, a PF investiga a possibilidade de erro na operação. “Ao que tudo indica e até onde nós sabemos, durante a perfuração de um dos poços houve um avanço além do que estava planejado. Esse avanço na perfuração provocou uma rachadura no fundo do mar”, afirmou o delegado Fábio Scliar, chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF.

A Polícia Federal, que também registrou imagens da mancha de óleo provocada pelo vazamento, quer saber se a fenda por onde está vazando o óleo foi provocada pela abertura do poço. Nos próximos dias, o delegado que investiga o caso vai ouvir a equipe responsável pela perfuração.

As informações da Chevron são de que a mancha tem 8 quilômetros de extensão por 300 metros de largura. Sem contornos regulares, a estimativa da empresa é de que ela tenha 1,8 km2. Mas esses dados são conflitantes com as estimativas de ambientalistas que analisaram imagens de satélites. O óleo está escapando por uma fissura de cerca de 300 metros de extensão, a 1.200 metros de profundidade e a 130 metros do poço de perfuração. A ANP calcula que o vazamento tenha sido equivalente a mil barris, no total.

Para o presidente da ONG americana SkyTuth, John Amos, o vazamento é mais grave: 3.700 barris/ dia. A partir de uma imagem de satélite feita no último sábado, a ONG estima que naquele dia a mancha tivesse uma área de 2.379 km2, área equivalente a quase duas vezes o município do Rio de Janeiro.

A Chevron informou que a operação de cimentação para vedar o poço continua em andamento. Segundo a companhia, o volume de óleo na superfície do oceano causado pelo vazamento caiu para “abaixo de 65 barris”. A estimativa anterior da empresa era de 400 a 650 barris, uma redução de até dez vezes.

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) disse que o primeiro estágio de cimentação para abandono do poço na plataforma da Chevron foi concluído “com sucesso”. Mas imagens submarinas “aparentemente" indicam a existência de fluxo residual de vazamento no local.

Um novo sobrevoo na região com técnicos do Ibama e da ANP está previsto para hoje. Segundo a Marinha, após o sobrevôo da área será divulgada "uma nota oficial conjunta com informações e dados atualizados de todas estas instituições envolvidas no acompanhamento deste caso".

Fonte: http://eptv.globo.com/terradagente/NOT,0,0,379595,Mancha+oleo+tinge+mar+Rio+Bacia+Campos+Chevron.aspx

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